Conselheiro do CAU/PB participa de entrevista sobre mobilidade urbana em João Pessoa na Rádio Tabajara
28 de janeiro de 2021 |
Pedro Rossi, conselheiro do CAU/PB, participou nesta quinta-feira (28) de entrevista ao programa “Fala Paraíba”, da Rádio Tabajara. O arquiteto e urbanista debateu temas como mobilidade urbana, plano diretor e urbanismo.
Primeiramente Pedro foi questionado sobre a falta de ciclovias na periferia da cidade de João Pessoa. “Percebemos na cidade como um todo como essa infraestrutura de mobilidade é desigual. Na praia há uma oferta de serviços cicloviários com muito mais qualidade do que na periferia e isso é um fato. Percebemos quando caminhamos ou trafegamos na periferia que não existe só essa ausência, mas de equipamentos públicos de uma maneira geral. Essa deficiência é o que faz com que as pessoas precisem se locomover de seus locais de residência para os centros urbanos consolidados, sejam eles o centro ou a praia”, explicou o conselheiro do CAU/PB.
De acordo com Pedro, o Plano Cicloviário de João Pessoa deveria atender a todas as regiões da cidade. “Esse plano cicloviário precisa estar integrado a um plano de mobilidade, que, consequentemente, deve estar integrado ao Plano Diretor da cidade, então, não adianta pensar em fazer determinadas ações pontais na cidade se a agente não tem um entendimento do todo”, alertou.
O arquiteto Pedro Rossi destacou ainda que não é apenas a rede de ciclovias que precisa ser repensada em João Pessoa, mas a própria circulação do transporte coletivo como um todo. “O objetivo maior é fazer com que a cidade tenha, de fato, um equilíbrio, ou seja, tirar o protagonismo do carro que é muito forte na nossa sociedade, e oferecer condições à população de usar outros tipos de transporte”, contou.
Na entrevista, Pedro Rossi criticou a falta de consulta pública na cidade de João Pessoa e destacou a importância desse instrumento de participação popular na construção de cidades melhores. “Há alguns anos estamos questionando a participação popular nas tomadas de decisão das ações da Prefeitura de João Pessoa. Inclusive, registro o importante trabalho da SEMOB, que possui uma equipe técnica competente, mas é óbvio que as ações precisam ser discutidas com a sociedade”, alertou o arquiteto e urbanista.
Para Pedro Rossi, a população não é a única que precisa ser consultada e participar das decisões. “A sociedade civil organizada, as entidades de classe e não só o Crea, mas as entidades que atuam no urbanismo, como o Conselho de Arquitetura e Urbanismo e o Instituto de Arquitetos do Brasil. Essas entidades precisam ser consultadas para movimentar o debate público sobre mudanças estruturais na cidade”, contou.
Ainda sobre consulta pública, Pedro Rossi opinou: “É importante que as entidades sejam consultadas junto com a sociedade de uma maneira geral, porque eu acho que nós estamos aqui para ajudar, para contribuir. Somos agentes públicos e queremos contribuir com os órgãos públicos. O CAU sempre estará de portas abertas assim como o IAB. Queremos discutir os temas relevantes com a prefeitura, ajudar a encontrar soluções e mais do que isso, conscientizar a população sobre os benefícios de uma via compartilhada, entender que três faixas de carro e uma de ciclovia é desigual, que precisamos melhorar as calçadas, que não são acessíveis, que temos motoristas e motociclistas que não têm formação nem respeito no trânsito, temos uma falta de campanhas educativas no trânsito, pra poder minimizar esses problemas do nosso dia a dia”, alertou.
“Não podemos pensar que precisamos oferecer condições a partir da demanda, ou seja, precisamos mudar um pouco a nossa ótica. Não é porque têm muitos carros nas ruas que temos que ampliar as faixas de rolamento para os carros, é exatamente o contrário, temos que dar oportunidade para as pessoas saírem do carro e utilizarem outros meios de transporte”, explicou Pedro Rossi.
O arquiteto e urbanista falou ainda sobre a necessidade da divulgação de campanhas educativas para que a população conheça o Código de Trânsito. “O Código de Trânsito Brasileiro é muito importante, mas quase ninguém conhece. É um desconhecimento total! As pessoas passam na prova do Detran mas não levam aquele conhecimento para o seu dia a dia, então, é preciso fazer campanhas de conscientização”, alertou o conselheiro do CAU/PB, destacando que as campanhas devem evidenciar a relação de respeito que deve existir no trânsito.
O conselheiro do CAU/PB falou sobre a importância de de ações e políticas públicas planejadas. “Saúde pública é colocar pessoas andando de bicicleta nas ruas, saúde pública é fazer com que as pessoas deixem seus carros nas garagens e consigam usar a cidade com qualidade de vida, com arborização, com contato com outras pessoas. Nesse sentido, promover ações e promover políticas que façam com que as pessoas possam andar com mais qualidade na rua, isso sim é uma promoção de política publica. Quando falamos em minorias, as pesquisas realizada pelas universidades mostram que minoria mesmo são as pessoas que andam de carro, porque o carro acaba ocupando um espaço visível na rua, mas quem utiliza mais a rua pra se locomover, como espaço público, são as pessoas que pegam transporte público, pessoas que andam a pé, e são as pessoas que menos têm acesso de qualidade a esses serviços. Um exemplo disso é que não vemos as pessoas idosas nas ruas, porque essas pessoas não conseguem transitar nas calçadas, que são completamente esburacadas, por exemplo, temos uma deficiência de um plano de calçadas adequado e isso faz com que muitas pessoas não andem nas ruas”, lamentou o arquiteto.
Questionado sobre as infraestruturas urbanas subutilizadas, Pedro Rossi explicou: “Não existe nenhuma infraestrutura urbana subutilizada, o que está subutilizada é a politica de promoção para o uso dessas infraestruturas. Um exemplo disso é que ouvimos muito sobre o calor da cidade de João Pessoa e que por isso é difícil andar de bicicleta, para isso pergunto onde está o plano de arborização para facilitar e qualificar esses espaços não só andando de bicicleta, mas também nas calçadas?”, questionou o arquiteto e urbanista.
Finalizando o debate, Pedro falou sobre a importância do planejamento a longo prazo. “Devemos pensar em um planejamento estratégico de longo prazo concatenado com outras políticas públicas. Reforço, mais uma vez, a importância do Plano Diretor de João Pessoa e a revisão desse plano precisa contemplar esse pensamento. Eu não vejo por quê não fazer essas inserções, por quê não fazer testes, pois isso é salutar e pedagógico. Se não fosse isso não estaríamos aqui discutindo esse assunto e afirmando que os urbanistas, assim como os geógrafos, os engenheiros, devem ser ouvidos nesse debate público”, finalizou o arquiteto e urbanista.