Conheça o Patrimônio Cultural da Paraíba – E-book Campina Grande Moderna
18 de agosto de 2022 |
Em comemoração ao Dia Nacional do Patrimônio Histórico, celebrado em 17 de agosto, o CAU Paraíba traz esta semana três iniciativas que divulgam o patrimônio paraibano. A conselheira estadual pelo CAU/PB, Paula Ismael, destacou que nesta celebração procuramos selecionar três iniciativas, uma referente ao patrimônio cultural da Capital, outra do acervo do patrimônio construído da cidade de Campina Grande e mais uma ação referente aos bens arquitetônicos construídos da cidade de Patos, propondo assim a divulgação do acervo, de pesquisas e reflexões sobre os saberes e materialidades do litoral ao sertão da Paraíba. “Nosso objetivo é não apenas divulgar edifícios e bens isolados, mas iniciativas que promovem essa disseminação por meio do reconhecimento também desses diferentes atores: professores, pesquisadores, estudantes e sociedade civil em geral, para o reconhecimento e enaltecimento do nosso acervo”, destacou Paula Ismael.
Neste dia 18, quinta-feira, vamos divulgar o e-book Campina Grande Moderna. Organizado pela professora Alcilia Afonso de Albuquerque e Melo, o e-book é um resgate documental que vem sendo realizado pelo Grupo de Pesquisa Arquitetura e Lugar (Grupal), vinculado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e tem como objetivo produzir uma documentação sobre a arquitetura produzida na cidade de Campina Grande, durante o recorte da modernidade, abarcando o período dos anos 50 a 80 do século XX.
Quem adquirir o e-book Campina Grande Moderna encontrará uma coletânea sobre a arquitetura moderna campinense. “Trata-se de uma proposta de reunir parte da documentação com enfoque arquitetônico, sobre os principais personagens, obras, princípios projetuais, relações profissionais, que colaboraram na construção do acervo moderno em Campina Grande, e que possa servir de base, de “semente” para o aprofundamento futuro dos capítulos a serem expostos no livro”, explicou a professora Alcilia, também conhecida como Kaki.
O e-book está sendo comercializado pelo valor de R$ 40,00 (quarenta reais). Para adquirir CLIQUE AQUI.
A professora Kaki contou ainda que o e-book foi uma maneira de contribuir com a preservação patrimonial arquitetônica local, regional e nacional. “Em um cenário dominado por uma crise patrimonial brasileira, que apresenta um quadro difícil, com a falta de uma política preservacionista em todos os seus níveis, e que deveria incentivar as pesquisas, a capacitação técnica, a preservação arquitetônica em todo seu arcabouço documental e da própria obra em si, documentar sem dúvida, é um primeiro passo do trabalho de preservação patrimonial”, analisou.
As informações foram reunidas por meio de levantamentos arquitetônicos, de ferramentas como o redesenho e a reconstrução virtual, que permitem que estas edificações sejam resgatadas, analisadas e documentadas, trazendo à tona seus atributos arquitetônicos, seus valores projetuais, construtivos, espaciais e socioculturais. “Também queremos formar um arcabouço que possa subsidiar possíveis intervenções futuras, caso o imóvel em pauta ainda não tenha sido drasticamente demolido”, disse Kaki.
Capítulos – O e-book Campina Grande Moderna está dividido em seis eixos temáticos, compostos por vinte e cinco capítulos, onde por meio de textos e de ricas imagens de desenhos originais, redesenhos e fotografias, expõem a riqueza do acervo moderno produzido em Campina Grande. Os capítulos foram produzidos por pesquisadores do Grupal, que realizaram trabalhos de pesquisa de iniciação científica, quando estudantes na graduação de Arquitetura e Urbanismo.
A primeira parte do livro dedica-se a realizar esclarecimentos iniciais, expondo no primeiro capítulo, a metodologia adotada pelo grupo de pesquisa ao trabalhar com objetos com valor patrimonial. No segundo capítulo foi realizada uma síntese referente aos projetos de pesquisa desenvolvidos ao longo desses anos, expondo a trajetória do grupo de pesquisa em prol do resgate documental da arquitetura moderna campinense.
A segunda parte está voltada para a divulgação da produção do engenheiro civil e arquiteto autoditada Geraldino Duda; reunindo em quatro capítulos, um recorte da produção do profissional que foi um dos mais importantes expoentes modernos campinenses. No terceiro capítulo, escrito pelos pesquisadores e arquitetos Camilla Meneses e Diego Diniz, foram tratados os dados biográficos de Geraldino Duda; os mesmos autores, também foram responsáveis pelo capítulo 04, que tratou sobre a “Residência Helion Paiva: análise das dimensões arquitetônicas. 1960”. No capítulo 05, intitulado “Arqui(tectônica) de Geraldino Duda: análise do Teatro Municipal de Severino Cabral. 1962/1988”, Diego Diniz aprofundou estudos referentes à essa obra, que é referência no cenário campinense e que foi bem estudada pelo autor durante a elaboração de seu trabalho de final de curso. Finalmente, o capítulo 06, que tratou da “Residência Heleno Sabino: análise das dimensões arquitetônicas. 1962”, de autoria de Camilla Meneses, Diego Diniz e Julia Leite, faz o fechamento da segunda parte, com estudos sobre essa casa que é uma referência no cenário arquitetônico moderno local.
A terceira parte foi dedicada ao trabalho do arquiteto pernambucano Tertuliano Dionísio: no capítulo 07, foram expostos os dados biográficos de Tertuliano Dionísio, de autoria de Ivanilson Pereira, com a minha participação. O capítulo 08, tratou sobre a “Residência José Barbosa Maia: análise das dimensões arquitetônicas. 1962-1964”, de autoria de Ivanilson Pereira e Vitória Catarine. O nono capítulo, tem como título” Aliança Clube 31: análise das dimensões arquitetônicas. 1964”, também foi produzido pelos mesmos autores, que pesquisaram nos últimos dois anos, o arquiteto olindense e sua produção campinense moderna. Finalmente, o capítulo 10, que se intitula “Central da UFCG: análise das dimensões arquitetônicas. 1977-1979”, de autoria de Ivanilson Pereira que iniciou as pesquisas em 2018, sobre o profissional que teve uma atuação forte nos projetos arquitetônicos do Campus da Universidade Federal de Campina Grande/UFCG, no bairro de Bodocongó.
A quarta parte tratou da obra do arquiteto campinense Renato Azevedo, tanto como arquiteto, quanto urbanista ; E dessa forma, o capítulo 11, se dedicou a observar os dados biográficos do profissional, sendo de autoria de Ingrid Oliveira- que também escreveu o capítulo 12, que possui como título” Centro Cultural Lourdes Ramalho: análise das dimensões arquitetônicas. 1982”. A autora também ficou responsável pela montagem do capítulo 13 – “A atuação de Renato Azevedo na COMDECA na década de 70”. Durante sua pesquisa de iniciação científica em 2017, Ingrid Oliveira se dedicou a inventariar a obra do instigante arquiteto, que após sua formação pernambucana, retornou para Campina Grande e teve uma atuação profissional forte. O capítulo 14 – “Museu de Arte Assis Chateaubriand/ MAAC: análise crítica da conservação. 1974/1976”, é de minha autoria, que venho há anos estudando esta edificação que desperta muito interesse por sua solução projetual e construtiva, utilizando uma solução arquitetônica rica e criativa com sua planta circular e uma linguagem plástica e construtiva brutalista.
A quinta parte foi voltada para o tema das conexões arquitetônicas, da presença pontual de profissionais que viviam em outros estados, muitos em outras regiões, que não o nordeste brasileiro, e que por isso, tiveram, que se adaptar à realidade do clima quente seco do lugar e procurar soluções projetuais distintas das que praticavam em suas cidades de trabalho.
A sexta e última parte possui como tema, algumas questões pertinentes ao patrimônio moderno industrial e foi trabalhada por pesquisadoras que atuaram nessa área, tais como Julia leite, Roberta Rodrigues, Vitória Catarine- sob minha orientação. Dessa maneira, o capítulo 21– tratou sobre o contexto da industrialização na segunda metade do século XX. 1960/ 1980, tendo como autora, Julia Leite; O capítulo 22 – “As indústrias da modernidade vinculadas à construção civil: 1968/ 1971”, de minha autoria; o capítulo 23 – “Estudos tectônicos da Fábrica da Wallig Nordeste S/A. 1965/ 1967” escrito por Julia Leite; o capítulo 24 – “ Premol: análise da dimensão histórica. 1964 “de minha autoria em parceria com Ivanilson Pereira; e finalmente, o capítulo 25 – “BESA: análise das dimensões arquitetônicas.”, de autoria de Roberta Rodrigues e Vitória Catarine.
“Documenta-se aqui para resgatar, salvaguardar, educar e sensibilizar a população, os estudantes em geral, técnicos, políticos, empresários- atores sociais que possuem o papel constitucional de zelar pelo patrimônio cultural brasileiro, regional e local. Estamos dando a nossa contribuição a tal processo, socializando os resultados de nossas investigações até o momento”, finalizou a professora Kaki Afonso.